O mês de fevereiro de 2023 marca a entrada triunfal dos NFTs na rede Bitcoin, com a tecnologia dos Ordinals que tem movimentado altas taxas para os mineradores do ecossistema.
Mesmo marcada como uma tecnologia não interessante para a moeda digital por maximalistas do Bitcoin, a adoção da novidade segue chamando atenção de colecionadores.
Nos últimos dias, a coleção Bitcoin Punks emitiu pela primeira vez 10 mil NFTs na maior blockchain do mundo. As taxas pagas para incluir NFTs em blocos do Bitcoin ultrapassam 600 mil dólares e favorecem mineradores.
Até o fim de janeiro de 2023, menos de 5 mil dólares haviam sido gastos por colecionadores de NFTs para incluir suas artes na rede do Bitcoin, utilizando a tecnologia Ordinals. No entanto, em fevereiro, até esta terça-feira (14), mais de 630 mil dólares foram gastos para incluir os ativos colecionáveis na maior blockchain.
Os mineradores ganharam um valor extra para validar transações que registram os NFTs, que crescem em ritmo acelerado nos últimos dias. Além disso, o tamanho dos blocos válidos tem excedido os 2 megabytes, ao mesmo tempo em que cresce a adoção dos Ordinals, o que tem chamado atenção da movimentação na rede.
O futuro dos NFTs na rede Bitcoin ainda é incerto, mas a adoção dos Ordinals vem demonstrando que a novidade tem ganhado cada vez mais espaço entre os colecionadores de arte digital.
Ordinals habilita NFTs do Bitcoin
Embora haja algumas vantagens aparentes em torno da adoção de NFTs do Bitcoin, o surgimento desta nova funcionalidade despertou um velho debate sobre a verdadeira função da rede e o que constitui um ataque contra o ecossistema do Bitcoin.
Já existem dois grupos neste debate público: aqueles que apoiam esta nova face do Bitcoin e aqueles que acreditam que se trata de um ataque de spam que deve ser evitado e até censurado.
O projeto, chamado de Ordinals, lançado há pouco tempo, permitiu que qualquer pessoa crie NFTs do Bitcoin como parte de sua funcionalidade.
Esta oportunidade foi aberta de forma indireta pela atualização do Taproot que a rede sofreu em novembro, que estendeu o comprimento das transações do Bitcoin para quase todo o tamanho de um bloco.
Isso foi fundamental para o que está acontecendo agora. Antes do Taproot, as transações só poderiam ter 80 bytes de tamanho, limitando a usabilidade do que era armazenado no espaço do bloco.
Agora, os NFTs do Bitcoin estão sendo salvos diretamente na cadeia, possibilitando os benefícios da portabilidade, durabilidade e descentralização que caracterizam o Bitcoin.
Isso pode apresentar benefícios únicos para criadores de conteúdo e usuários, já que cada peça de conteúdo armazenada na blockchain via Ordinals terá que ser sincronizada por cada nó por aí, dando-lhes a longevidade da própria blockchain.
A maioria dos projetos NFT que aproveitam outras cadeias, incluindo o Ethereum, apenas armazena ponteiros para as informações, que não residem diretamente na blockchain.
Com argumentos a favor e contra, o fato é que os NFTs estão crescendo na blockchain. De acordo com dados da Mempool, esses arquivos já correspondem a 48% de todas as transações nos blocos do BTC. Graças ao Ordinals, os NFTs seguem em plena expansão na maior blockchain do mundo.
NFTs de Bitcoin vendido por R$ 1 mi, o mais caro até então
A coleção Ordinal Punks, por exemplo, é uma versão bitcoiner dos famosos CryptoPunks e tem chamado a atenção pelas vendas milionárias. Em uma transação recente, o NFT Ordinal Punk #94 foi vendido por 9,5 BTC, o equivalente à cerca de R$ 1 milhão na cotação atual.
Este é o maior valor já pago por um NFT do Bitcoin até o momento, e demonstra a forte demanda por tokens não fungíveis baseados em criptomoedas.
Enquanto muitos ainda questionam a legitimidade deste tipo de ativo, as vendas milionárias de NFTs do Bitcoin sugerem que eles estão se estabelecendo como uma forma valiosa de propriedade e investimento em bens digitais.